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CÓDIGO DOS BANNERS

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Ensino Médio com a "cara" dos jovens

Proposta do Ensino Médio Inovador e novo Enem, que será realizado em outubro, incitam discussão sobre as diretrizes e a qualidade da educação oferecida aos estudantes de todo o país


Dados do Censo Escolar 2008, disponível no Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), indicam que o número de matrículas no Ensino Médio cai pela metade em relação ao acesso de estudantes nas séries iniciais do Ensino Fundamental, nas redes públicas estaduais e municipais de escolas, em todo o país. Em princípio, o que esses números podem revelar? Falta de motivação e de um currículo que aproxime o jovem do cotidiano são alguns fatores citados pelos próprios jovens e por especialistas na área de educação.Para Mozart Neves Ramos, vice-presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (CNE) e presidente-executivo do movimento Todos Pela Educação, “a maioria dos jovens que deixa de estudar no Ensino Médio brasileiro o faz por desmotivação". Pesquisa realizada em 2007 pela ONG Ação Educativa, que ouviu 880 alunos de cinco escolas de Ensino Médio de São Paulo, também aponta a necessidade de se construir um elo entre a escola e os desafios da juventude (veja mais sobre a pesquisa).Pensar em uma estrutura que seja mais estimulante para jovens e professores foi o ponto de partida para o Ministério da Educação (MEC) formular uma proposta de diversificação curricular para esse ciclo, conhecida como Ensino Médio Inovador. Como aproximar, então, a escola do jovem? Segundo a proposta, com atividades integradoras a partir dos eixos: trabalho, ciência, tecnologia e cultura, com cinco questões centrais a serem discutidas no currículo. São elas:• mudança da carga horária mínima para 3 mil horas – um aumento de 200 horas a cada ano;• oferecer ao aluno a possibilidade de escolha de 20% da carga horária e grade curricular, dentro das atividades oferecidas pela escola;• associação de teoria e prática, com grande ênfase a atividades práticas e experimentais, como aulas em laboratórios e oficinas;• valorização da leitura em todas as áreas do conhecimento;• garantia da formação cultural do aluno.Segundo Mozart, "a proposta traz luz à uma questão sistêmica, o estímulo à interdisciplinaridade. Isso é importante porque está alinhada com o cotidiano das pessoas. Os fenômenos que observamos no dia-a-dia das ruas, como a simples queda de uma folha, são interdisciplinares, não são divididos por matérias". Porém as mudanças também trazem desafios:"é necessário a constante reunião de professores de diferentes áreas para tratar da interdisciplinaridade na escola, e esses profissionais precisam se dedicar a uma só escola. As mudanças devem ser internas e externas. Internas no sentido do professor se preparar para uma educação interdisciplinar, e externas nas condições de trabalho que são oferecidas a esse profissional".O educador, membro da comissão que formulou a proposta para o novo Ensino Médio, comentou sobre outro ponto de alteração curricular: "a possibilidade de escolha de 20% da carga horária e grade curricular pelos jovens fomenta o enorme potencial criativo que existe nos estudantes das escolas públicas, no momento em que eles podem optar por atividades culturais e artísticas que tenham relação com assuntos com os quais se identificam". O aumento da carga horária será mal recebido? Para Mozart não: "eu costumo dizer que, quando um filme que assistimos é ruim, é natural que queiramos que ele acabe logo, e o oposto também se aplica. Se o Ensino Médio estiver contemplando aspectos que tragam ao jovem identidade com os assuntos que interessam a eles, o aumento da carga horária será bem recebido".É importante ressaltar que o Ensino Médio Inovador será aplicado em baixa escala, a partir de 2010. Inicialmente, cerca de 100 instituições de ensino deverão receber financiamento do MEC para implementar o programa. É o que Ana Paula Corti, assessora do Programa de Juventude da ONG Ação Educativa, enfatiza: "É um programa experimental, e é dessa forma que devemos analisá-lo. Não estamos diante de uma mudança estrutural no currículo do Ensino Médio, mas sim de uma ação indutora do MEC para que algumas escolas possam experimentar novos modelos. Gosto muito da perspectiva trazida pelo Programa, pois respeita a autonomia das redes estaduais e das escolas no desenvolvimento de seu projeto pedagógico e estimula algum grau de escolha e composição curricular por parte do aluno". Ana Paula Corti complementa: "se bem monitorado e avaliado, o programa poderá gerar novas diretrizes para o currículo do Ensino Médio como um todo".

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